NT - Como foi feito o convite para você fazer parte deste projeto original (década de 80) de dublagem do programa Chaves? Houve concorrência? Você se inscreveu em algum teste ou foi chamada?
CL - Naquela época, o Marcelo Gastaldi (o dublador do Chaves) coordenava a dublagem para o SBT. Quando chegou a série Chaves, foi ele quem escolheu o elenco que a dublaria. Eu comecei dublando a Paty, depois passei a dublar a Chiquinha.
NT- A idéia sempre foi você dublar a Chiquinha ou teve outros personagens que estavam em sua "mira" antes ?
CL-Eu já era profissional de dublagem há cerca de quinze anos. Quando dublei a série, no início, era apenas um trabalho como os outros; foi depois que a série ganhou notoriedade.
NT- Naquela época vocês já pressentiam esse sucesso todo vindo do programa para a carreira de vocês pessoais? O quanto esse projeto abriu portas para outros grandes ?
Depois de algum tempo dublando Chaves, já percebíamos que seria um sucesso, pois começamos a nos encantar com a série.
CL- Eu não diria que esse projeto abriu portas para outros, pois eu já tinha percorrido um bom caminho na minha carreira. Mas, sem qualquer dúvida foi a Chiquinha, junto com o crescimento dos animes, quem me deu de presente o contato mais próximo com os fãs e o público em geral.
NT- Qual a maior lembrança de estúdio que você tem na época da dublagem original?
CL- A vibração, a alegria do Marcelo Gastaldi. Tenho a convicção de que ele construiu uma grande parte do sucesso da série ao dirigir a dublagem, não esquecendo, é claro, a presença dele como dublador do Chaves.
NT- Por que houve o processo de redublagem do DVD ? A dublagem original não pode ser transportada para as novas mídias?
CL- Quem produziu os DVDs foi a Amazonas Filmes. Ela comprou os direitos da série não dublada diretamente da Televisa, então foi preciso dublar tudo novamente.
NT- Qual o maior desafio de dublar a Chiquinha novamente ?
CL- Impressionante como todos nós que dublamos os DVDs ficamos emocionados. A Helena Samara, que era a nossa querida Bruxa do 71, digo, digo, a Dona Clotilde, junto com o Mário Vilella, que era o "barriga do Seu Dublador" e eu, chegamos a chorar juntos ao começarmos a dublar. O desafio foi conter a emoção.
NT- Vimos você no programa do Gentili com a Maria Antonieta, foi um dos maiores momentos de reconhecimento do trabalho para você?
CL- Foi um dos grandes momentos, sim, como aquele no programa do Ratinho, quando nós duas nos conhecemos, e também como foram todos os encontros com os fãs em muitos eventos. Mas, encontrar a Maria Antonieta de novo no programa do Danilo Gentili e depois viajar com ela e sua equipe para as apresentações do show La Chilindrina foi algo muito marcante. Tivemos longas conversas, nós e nossos maridos, muita convivência e construímos uma amizade muito gostosa.
NT- Falando sobre a Cecília. O que você esta fazendo hoje? Novos projetos ? Ainda dublandofilmes ? Se sim, qual você pontua atualmente ?
CL- Dublar é o meu trabalho já há 44 anos e eu dublo muitos filmes, séries, desenhos, comerciais, documentários para TV, cinema e outras mídias. Algumas séries que estou dublando agora: The Good Wife, Weeds, Burn Notice, Gipsy Sisters, Ultimate Shopper, Cake Boss, Wander Over Yonder (da Disney, eu dublo a Sylvia) todas ao mesmo tempo, além dos filmes para cinema Don Jon e Khumba que acabei de fazer.
NT- Você acha que o mercado de dublagem aqueceu de novo ? Com essa lei do Lula de dublagem de series de TV, aumentou o número de dubladores no mercado ?
CL- Você deve estar se referindo ao projeto de lei do ex-deputado João Rodrigues. Esse projeto foi derrubado. O que faz crescer a dublagem é a preferência do público.
NT-Existe algum projeto ainda pro futuro com o Chispirito/Chaves que você possa nos adiantar?
CL- Dizem que nem todos os episódios do CH vieram para o Brasil, então, haveria ainda um trabalho pela frente, mas isso eu não posso confirmar.